Aprender Inglês
More Of The Same ( Mais do Mesmo)
Algumas pessoas medem o seu avanço nos estudos da língua inglesa contando as páginas do livro de inglês que foram ensinadas; outras pela quantidade de vocabulário que anotaram em seu caderno. Poucos medem o seu avanço pelo domínio da língua que começaram a ter ou pelo entendimento que adquiriram do idioma.
Esses dias, uma estudante veio conversar comigo e disse:
- Professor, sinto que não estou aprendendo nada. Minha irmã faz um curso similar numa outra escola e comparei o número de palavras novas que ela aprendeu com o que eu aprendi com o senhor, e a diferença é grande. Ela aprendeu muito mais palavras novas que eu!
- Compreendo! - respondi - Mas eu te pergunto: ela sabe como e quando usar todas essas palavras novas?
Ensinar inglês é uma das tarefas mais difíceis para um professor, pois além da óbvia fluência no idioma que todo profissional desse ensino deve ter, é necessário também, didática e persistência para ensinar o aluno a ter paciência com o seu próprio aprendizado.
Aprender inglês não é só acúmulo de informação, pois requer um entendimento do processo de cognição de um idioma e uma atitude de apropriação de comunicação que poucos alunos notam que estão tendo, pois esses avanços ocorrem naturalmente e automaticamente.
?Quando vi, já estava falando?, eles dizem, quando se percebem falando; sem notar que esse processo de entendimento e apropriação da comunicação que lhes foi ensinado, foi muito mais importante do que ter anotado no caderno um rio de palavras novas que nunca seriam usadas, pois desembocariam naturalmente, num mar de esquecimento por pura falta de uso.
Não ensino quantidade, por isso sempre fui um "rebelde" nas escolas por onde ensinei. Sempre fiz questão de trabalhar o fortalecimento da cognição e da comunicação, ao invés de seguir a obrigação de ter que ensinar quantidade, e mais e mais unidades dos livros de gramática, sem a devida preocupação em ajudar os meus estudantes a usar de fato, o que estavam aprendendo.
Quando eu era estudante, sempre tinha nas aulas esse tipo de ensino, more of the same, (MOT's), ou seja, mais do mesmo; aulas que não me ajudavam a compreender como eu poderia usar aquela informação na minha vida real. Tempos depois, quando decidi dar aulas, jurei para mim mesmo que não seria mais um professor de idiomas ajudando a bloquear a comunicação dos alunos com esse método do "mais do mesmo".
"Porém, como ensinar a eles que é preciso ter uma experiência com a língua, ao invés do acúmulo de matérias e anos de estudo? Como desprogramar anos e anos de ensino passivo?"
Well... A solução foi mostrar para cada um deles, mesmo em aulas coletivas, que o inglês que eles estavam aprendendo poderia comunicar a história deles, o seu cotidiano. Ao invés de falar do ?Mr. Willians or Mrs Smith going to New York?, eles iriam escrever exemplos sobre eles mesmos going to Diadema.
Tenho um grupo de estudos de comunicação aos sábados, onde uma vez ao mês, levo um convidado para ser entrevistado em inglês. Esses convidados são alunos ou ex-alunos que contam nesses encontros, como é a experiência de estudar inglês e usar em suas profissões. Há alguns dias, levei para o grupo, uma aluna minha que é arquiteta e ela foi questionada sobre as dificuldades que ela passou para aprender a se comunicar:
"Quando eu percebi, estava falando!" ? ela disse quando questionada sobre o momento em que ela notou que podia finalmente falar inglês.
"Como isso ocorreu?" - perguntaram de volta.
"Não sei ao certo! - ela explicou- Mas o Professor deve ter me ensinado algo que não estava no livro ou ter feito algo que não estava explicito durante as aulas. O engraçado é que eu nem percebi que aprendi, mas no momento certo, esse elemento de entendimento estava lá para ajudar a minha comunicação. E quando vi, já estava falando...?
Existe um momento em que um estudante deixa de ser apenas um elemento passivo do aprendizado e ganha a consciência e a confiança para se comunicar ativamente. É preparando os alunos de inglês para esse momento, que deveria ser o objetivo de todas as escolas de idioma; daí, a importância do aprendizado com experiência.
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