Comunicação é acima de tudo ação, vontade de expressão, desejo de comunicar uma idéia, seja essa qual for.
Essa idéia poderá ser completa ou fragmentada.
Se completa, ela nasce de um domínio da linguagem, cuja articulação permitiu que a idéia fosse passada adiante, transmitida; porém, por mais articulada que uma idéia seja; não há garantias de completo entendimento pelo receptor, que poderá ter certas barreiras, tão ou mais difíceis que o que o comunicador enfrenta.
Já, a idéia fragmentada (a razão desse artigo), pode ter muitas causas, talvez falta de domínio da linguagem, ou quem sabe, problemas de articulação ou dicção inadequada. E por ser de mais difícil compreensão, a comunicação fragmentada causa frustração e angustia, principalmente, nos estudantes de uma segunda língua, que se mostram, muitas vezes, perfeccionistas demais para aceitar que toda comunicação completa começa, de certa forma, com uma fragmentação.
Essa frustração acaba causando um bloqueio linguístico que comprometerá a comunicação desses estudantes, mesmo após a conclusão dos seus cursos. O estudante percebe, para seu desespero, que anos e anos de estudos não possibilitaram que ele conseguisse a confiança necessária para sequer se apresentar em inglês.
Há dois vídeos na internet sobre dois astros do futebol em gramados estrangeiros, o jogador Anderson e o técnico Joel Santana. Em seus respectivos vídeos, que figuram entre os mais vistos no You Tube brasileiro, eles tentam se expressar em inglês, usando todos os tipos de artifícios possíveis e ?impossíveis?. Com um mistura de português e inglês, eles, confiantemente, respondem perguntas em inglês de algum jornalista local. O esforço rendeu piada em todo o território brasileiro e sendo a nossa nação, uma nação do sarcasmo, onde tudo é motivo de riso, ironia, ridículo; cria-se na cabeça de um estudante de língua estrangeira, uma preocupação exagerada em buscar uma perfeição na fala, que não vem do desejo de alcançar a tão sonhada fluência; não, nada mais longe disso, essa busca pela perfeição nasce do medo do ridículo, o temor excessivo de não alcançar a aceitação, o elogio; e se tornar um alvo de chacota, piada e riso.
Ora, é melhor se comunicar fragmentadamente ou não se comunicar de forma alguma?
Poucos possuem a coragem de um Anderson ou Joel Santana de se expor, muitos preferem o refugio da falsa segurança do ?eu falo quando tiver aprendido tudo?. E são esses últimos que enriquecem os donos de curso de inglês, que contam com os seus bloqueios para continuar ganhando um rio de dinheiro, ao invés de ensinar aos seus alunos que é preciso ter confiança para falar muito com o pouco que eles já conhecem e sabem com segurança.
É preciso se comunicar, e o primeiro passo começa com a sua atitude em tentar se expressar...