Marcelo não consegue falar inglês. Ele compreendetudo o que está sendo dito, lê sem qualquer dificuldade, mas na hora deelaborar suas frases, falta palavra, faltam associações, falta coragem de meperguntar:
- Posso tentar e errar?
Sim, eu te dou permissão, Marcelo, para errar eacertar. Quando aprendemos uma língua estrangeira, acertamos quando erramos,pois ao errar, ocorre uma tentativa de comunicação, intenção de se expressar,descrever o que se sente, argumentar e mostrar - ?sim! Eu tenho uma voz quefala essa língua estrangeira. I can talk!"
Não tenha medo de errar, mas erre bem feio paraacertar bonito - É o que eu sempre digo, poucos entendem, mas os que mecompreendem, ganham coragem para se expressar e dizer:
" I don't haveafraid anymore" - Marcelo diz e eu sorrio, poderia lhecorrigir e explicar que a expressão em inglês é " I am not afraid anymore" (tobe afraid). Porém, calo-me. Há momentos de correções e há momentos deincentivo a comunicação. Nessas horas, uma correção descuidada pode travar o speech do aluno para sempre. Já vi issoocorrer tantas vezes que me assusta ao ver tantos ?English Speakers" dando aula por aí. Sem saber ensinar,eles não compreendem que existe mais ?no aprender" que apenas a língua emsi. Uma coisa é falar a língua, outra é ser professor dela.
O erro de cada estudante pode ser seu grandeacerto, pois ensina confiança, atitude e vontade de se comunicar que são trêsvirtudes que professor nenhum consegue ensinar.
O "Haveafraid" do meu estudante, faria meus colegas de carreira subir asparedes. Contudo, seu " have afraid", para mim, é outra coisa, é ferramenta poderosa de intenção de comunicação.Meu estudante quer falar, quer se apropriar das palavras dando a essasignificado e expressão. Ele vai tentar e errar, mas vai fazer e ao realizarisso, ele substituirá o silêncio por sua voz. Essa atitude de apropriação étudo aquilo que faltava em Marcelo. Não falta mais!
He is not afraid anymore!!!